
Acredito que toda mulher por mais contemporânea que seja deseja um dia passar por esse momento sublime da vida; a gravidez. Porém, a aventura de ter um filho não é fácil. Agora imagine aventurar-se ao desconhecido completamente sozinha.
É o que acontece com muitas mulheres, independentemente de idade, geração, cultura e nível social. As mães solteiras. Mulheres que se vêem acurraladas diante de uma situação e a encaram com toda a coragem e força que só uma mulher pode ter.
Sinceramente, admiro muito essas mulheres que seguem adiante sem olhar para trás. São muitos os obstáculos que enfrentar, são muitas as batalhas que ganhar; educar um filho sem a presença de um pai é muito difícil.
Há distintos casos em que a mulher enfrenta essa situação, seja uma gravidez na adolescência, seja o falecimento do pai, uma separação conjugal. Em todos os casos, a tarefa não é fácil o que nem de longe impede que a criança envolvida não receba a educação adequado nem muito menos que façam parte de uma família completa e feliz.
Mãe solteira...
Para que a concepção de um ser humano seja possível, inexoravelmente necessita-se de um homem e de uma mulher. Quando pensamos na chegada de um bebê, costumamos imaginar que esse mesmo casal que o concebeu, será em conjunto o que o trará ao mundo, o cuidará e educará. Esta é a situação ideal e previsível. No entanto, não é a que se apresenta em todos os casos. Pelo contrário, cada vez é mais frequente encontrar mulheres que enfrentam a maternidade sem um homem ao seu lado. As razões são várias, mas basicamente poderíamos classificá-las em dois grandes grupos: as mães que não escolhem viver essa situação (mulheres que são abandonadas pelo marido, falecimento do pai do bebê ou filhos concebidos fora de um casamento estável), e as que decidem ter o seu bebê sozinhas. Há momentos em que esta responsabilidade se torna francamente pesada e é necessário compartilhar com alguém. E é precisamente nessas alturas que a ausência de um marido se faz notar com mais força.
Nem tudo é cor-de-rosa
A maternidade é uma das experiências mais maravilhosas por que pode atravessar uma mulher. No entanto, nem tudo é cor-de-rosa. Ter um filho também implica noites sem dormir, fraldas para mudar, tarefas domésticas que se multiplicam, o bebê que tem febre, os problemas que podem surgir no colégio... Há momentos em que esta responsabilidade se torna francamente pesada e torna-se necessário compartilhar com alguém. É precisamente nestes momentos que a ausência de uma companhia se faz notar com mais intensidade.
Quando surge a angústia
Quando a mulher enfrenta a maternidade sem um homem ao seu lado e esta situação não foi escolhida, o início da gravidez parece estar definitivamente marcado pela angústia. A tal ponto que durante os primeiros meses é provável que a dor face à situação de abandono, traição ou luto, impeça a futura Mamãe de assumir plenamente o seu estado. Toda a perda – e neste caso não somente do marido mas também de uma família juntos – constitui um luto. Luto que será necessário atravessar para poder enfrentar a maternidade e dedicar-se tanto à gravidez como ao bebê.
À medida que a data de parto se aproxima, é provável que a angústia se acentue. Pensemos que habitualmente a gestação coloca a mulher numa situação de dependência respeitante aos outros, de maneira que é natural que face à ausência do marido se sinta sem forças. A verdade é que há momentos em que lhe custa imaginar-se sozinha: o curso de preparação para o parto, o início do trabalho de parto, a sala de partos... Quem me dará alento para continuar a puxar?... Quem me dará o apoio que necessito se me assusto no parto? São somente algumas das interrogações comuns a todas as mulheres, e que numa Mamãe sem marido despertam uma ansiedade ainda maior. Daí a importância que adquire a presença e o apoio da família e dos amigos.
É sabido que todas as Mamães atravessam um período de tristeza puerperal em que estão sensíveis demais e choram por qualquer coisa, embora tudo tenha corrido bem. As mulheres que não planificaram criar os seus filhos sozinhas tendem a atribuir estes sentimentos à perda do marido. Aqui, o bebê passa a ser considerado como a única fonte de felicidade e o único ser que as faz sentir amadas e úteis. Por isso, a ansiedade e a depressão costumam a manifestar-se na forma de sobre-proteção e receio de que alguma coisa aconteça. Aquelas que decidiram ser Mamães apesar de não estarem casadas, por outro lado, podem sentir-se obrigadas a negar muitos dos conflitos emocionais que vão aparecendo no seu caminho. Talvez devido ao fato de terem caído no erro de ver com demasiado otimismo e exigência o fato de "poderem" fazer tudo sozinhas.
Um vínculo apertado
Para a Mamãe que está sozinha, é comum que o filho se converta na pessoa que dá sentido à sua vida. Como não tem um marido que proporcione dinheiro ao lar, geralmente tem de sair para trabalhar e ficar muitas horas fora de casa para manter o seu bebê, enquanto o deixa ao cuidado de outras pessoas. Não obstante, estabelece-se entre ambos um vínculo afetivo muito estreito. É tanto o que nele deposita e passa a ocupar tantos aspectos da sua vida de mãe que tudo começa a girar à sua volta, inclusivamente com maior importância que em outros casos. Por outro lado, a sensação de não ter com quem partilhar a criança e o receio de não ser uma boa Mamãe fazem com que muitas vezes, na altura de impor limites, a dificuldade seja maior.
Mamãe full-time
Do trabalho para casa e da casa para o trabalho, a Mamãe costuma descuidar outras áreas que começam a ser ocupadas unicamente pelo seu filho. Frequentemente, este descuido leva-a a manter-se afastada dos intercâmbios sociais e a estimular a ideia de que ambos estão "sozinhos no mundo" e de que " só se têm um ao outro". Um vínculo muito absorvente que prejudica tanto a Mamãe como o filho, porque as crianças também têm a sua vida e necessidades pessoais que não podem ser satisfeitas pelas suas mães.
O papel da família
É fundamental que a mãe possa buscar apoio na sua família, na do Papai e nos amigos. Embora pareça que está muito sozinha, há sempre um familiar ou uma amiga desejosos de colaborar. O importante é não sentir medo ou vergonha de pedir ajuda pensando que, dada a situação se tem a obrigação de ser auto-suficiente. Por outro lado, fomentar a independência da criança favorece o intercâmbio com os restantes membros da família, como os avós ou tios, e ajudá-la-á a incorporar a imagem paterna que necessita. De qualquer modo, o mais importante é a "ideia de pai" que a própria Mamãe tem, porque é ela quem a transmitirá ao seu filho à medida que vai crescendo. A frequência com que a criança vê a família paterna contribuirá também para melhorar os seus intercâmbios sociais e somar afetos. Daí a importância de que o contato com eles seja frequente, embora não necessariamente diário.
Mãe e mulher
As Mamães não devem esquecer que também são mulheres, e que não existe nenhuma razão que as impeça de refazer a sua vida de conjugal e as suas relações familiares. Qualquer que seja o motivo que conduziu à maternidade sem Papai, existe sempre a possibilidade de voltar a formar um casal que aceite o filho e – talvez – com quem ter outros filhos. Face a esta situação, muitas vezes o principal receio tem a ver com os sentimentos da criança. Estiveram durante tanto tempo os dois sozinhos que a Mamãe sente que estaria a traí-la se constituísse uma família com um homem.
Mamãe, porque não tenho Papai?
À medida que a criança cresce, geralmente quando entra no jardim-escola e está em contato com outras crianças que falam dos seus Papais, começam a aparecer perguntas do seu pai. E tem direito a saber as respostas verdadeiras, que deverão ser avaliadas em função da sua idade. Porém, nunca se lhe deve mentir. Mas para além das suas dúvidas ou da ambivalência inicial, uma mulher que tem um filho compromete-se a cuidá-lo e a criá-lo, e essa é a maior prova de amor que lhe pode dar. Trata-se de uma atitude de compromisso com a verdade, de respeito por esse ser humano que, embora pequeno, tem direito a conhecer a sua história.
Meu Bebezinho http://meubebezinho.com.br/gravidez040211a.shtm

