Trechos do livroBoa influência não é coisa que não existe. Toda influência é imoral... imoral, do ponto de vista científico.
... Porque influenciar uma pessoa é emprestar-lhe a nossa alma. Essa pessoa deixa de ter idéias próprias, de vibrar com suas paixões naturais. As suas qualidades não são verdadeiras. Os seus pecados, se é que existe o que se chama pecado, vêm-lhe de outrem. Essa pessoa torna-se o eco da música de outra pessoa, intérprete de um papel que não foi escrito para ela.
A finalidade da vida é para cada um de nós o aperfeiçoamento, a realização plena da nossa personalidade. Hoje, cada qual tem medo de si próprio; esquece o maior dos deveres: o dever que tem consigo mesmo. Naturalmente, o homem é caridoso. Dá de comer ao faminto, veste o maltrapilho. Mas a sua alma é que sofre fome e anda nua.
A coragem abandonou a nossa raça. Talvez nunca a tenhamos tido. O temor da sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião... eis as duas coisas que nos governam. Contudo... , sou de parecer que se o homem vivesse plena e totalmente a sua vida, dessa forma a todo sentimento e expressão a todo devaneio... creio que o mundo receberia um novo impulso eufórico, um impulso de alegria que nos faria esquecer todos os males... mas o mais valoroso dos seres humanos tem medo de si mesmo.
Todo impulso que nos empenhamos em sufocar incuba no nosso espírito e nos envenena. Peque o corpo uma vez, e estará livre do pecado, porque a ação tem um dom purificador. Nada restará então, salvo a lembrança de um arrependimento. A única maneira de se livrar de uma tentação é ceder-lhe. Resistamo-lhe, e a nossa alma adoecerá de desejo do que proibimos a nós mesmos, do que as suas leis monstruosas tornaram monstruoso e ilegítimo. Tem-se dito que os grandes acontecimentos do mundo ocorrem no cérebro. Também é no cérebro, e só nele, que ocorrem os grandes pecados do mundo.
Palavras! Simples palavras! Como são terríveis as palavras! Claras, vívidas, cruéis! Não é possível escapar-se às palavras. E que magia sutil elas encerram! Dir-se-ia que elas podem dar forma plástica às coisas informes e ter música própria, tão suave como a da viola ou do alaúde. Simples palavras! Que é que pode ser tão real como as palavras?
Nada pode curar a alma, senão os sentidos; como não há, para curar os sentidos, nada como a alma. Este é um dos grandes segredos da vida: curar a alma por meio dos sentidos, e os sentidos, por meio da alma.
Sabe mais do que pensa que sabe, exatamente como sabe menos do que desejaria saber.
A beleza é uma forma de gênio... mais elevada até do que o gênio, pois dispensa explicação. Faz parte dos grandes fatos do universo, como a luz do sol, ou a primavera, ou o reflexo, nas águas escuras, dessa concha de prata a que chamamos lua. A beleza não sofre contestação. Tem o direito divino de soberania. O verdadeiro mistério do mundo é o visível e não o invisível.
Sempre! Palavra terrível! Quando a ouço, dá-me arrepios. As mulheres gostam tanto de usá-las! Estragam todo o romance, fazendo-o durar para sempre. Palavra sem sentido, aliás. A única diferença entre um capricho e uma paixão eterna é que o capricho dura um pouco mais.
O apaixonado começa iludindo-se a si próprio a acaba enganando os outros.
Um grande poeta, o verdadeiro grande poeta, é o menos poético dos indivíduos. Mas os poetas medíocres são encantadores. Quanto piores os versos, tanto mais pitoresco é o poeta. O simples fato de haver publicado um livro de sonetos de segunda ordem torna um homem absolutamente irresistível. Ele vive a poesia que não soube escrever. Os outros escrevem a poesia que não conseguem concretizar.
A vida humana: eis a única coisa que
vale a pena pesquisar. Não há valor que se lhe possa comparar de fato. Realmente, quando se observa a vida no seu crisol de dor e de prazeres, não é possível cobrir o rosto com uma máscara de vidro nem impedir que os vapores sulforosos nos ofusquem o cérebro e nos turvem a imaginação com fantasias monstruosas e sonhos disformes. Há venenos tão sutis que, para os conhecer, cumpre experimentá-los. Há males tão estranhos que, para lhes entender a natureza, é preciso contraí-los. Ainda assim, que grande recompensa recebe o observador! Em que maravilha se torna o mundo aos seus olhos! Notar a lógica singular e inflexível da paixão, a vida colorida e emotiva da inteligência... verificar onde se cruzam e onde se apartam, em que ponto estão em uníssono ou discordam...
Corpo e alma, alma e corpo – que dupla misteriosa! – Há animalismo na alma; e o corpo tem os seus momentos de espiritualidade. Os sentidos podem adquirir requintes, como o espírito está sujeito a degradar-se. Quem saberá dizer onde cessa o impulso carnal ou onde começa o impulso físico?... Estará a alma instalada na casa do pecado, ou o corpo inserido realmente na alma? (Como pensava Giordano Bruno)
A separação entre o espírito e a matéria é um mistério; como é um mistério a união do espírito com a matéria.
No ponto em que estamos, nunca nos entendemos e raramente compreendemos os nossos semelhantes.
Eu agora nunca aprovo nem reprovo nada. Aprovar e reprovar são atitudes absurdas para com a vida. Não viemos ao mundo para dar largas aos nossos preconceitos morais. Jamais presto atenção ao que diz ao vulgo, nunca interfiro no que fazem as pessoas simpáticas. Quando uma personalidade me fascina, seja qual for o modo de expressão escolhido por essa personalidade, considero-o absolutamente satisfatório.
O motivo do nosso empenho em julgar bem o próximo é que temos medo de nós mesmos: a base do otimismo é puro receio. Consideramo-nos generosos, porque atribuímos aos nossos semelhantes as virtudes que nos podem ser úteis.
O prazer é a única coisa merecedora de que se lhe dedique uma teoria. O prazer é o teste da natureza, o seu sinal de aprovação.
Quando somos felizes, sempre somos bons; mas, por sermos bons, nem sempre seremos felizes.
Ah! Mas que entende por bem?!
... Ser bom é estar em harmonia consigo mesmo
A discordância está em sermos forçados a viver em harmonia com os outros. A nossa vida: eis o que importa. A vida dos nossos semelhantes... quem quiser dar-se ares de pedante ou de moralista poderá julgá-la pelos seus critérios morais; mas a vida alheia não é da nossa conta. Além disso, o individualismo tem realmente a finalidade mais alta. A moral moderna consiste em aceita-se o padrão da nossa época.
(Anseio) Um desejo desesperado de abrir um dia os olhos para um mundo renovado... um mundo de novas formas e cores, diferente, ou com outros segredos, um mundo em que o passado ocupasse pouco ou nenhum lugar, ou pelo menos sobrevivesse isento de deveres ou de saudades, já que a recordação da própria alegria tem as suas tristezas, e a lembrança do prazer pode eivar-se de dor.
‘Bastante’ é mau como uma refeição comum. ‘Mais do que suficiente’ é bom como um festim.
São os pés de barro que dão valor ao ouro da estátua.
Eu digo as verdades de amanhã. E eu prefiro os erros de hoje.
_Que me diz da arte?
_É uma doença.
_O amor?
_Uma ilusão.
_A religião?
_Um sucedâneo elegante da fé.
O ceticismo é o príncipe da crença.
“Nós, as mulheres, amamos com os ouvidos, assim como os homens amam com o olhar, se é que os homens podem amar”
Toda vez que amamos, é o único amor da nossa vida. A diferença de objeto não altera a unidade da paixão. Intensifica-a, simplesmente. Cada um de nós tem na existência, no mínimo uma grande aventura. O segredo da vida é reeditar essa aventura sempre que seja possível.
Nunca procurei a felicidade. Quem se importa com a felicidade? Sempre busquei o prazer.
_Você galopa à rédia solta.
_A velocidade é a vida.
... Porque influenciar uma pessoa é emprestar-lhe a nossa alma. Essa pessoa deixa de ter idéias próprias, de vibrar com suas paixões naturais. As suas qualidades não são verdadeiras. Os seus pecados, se é que existe o que se chama pecado, vêm-lhe de outrem. Essa pessoa torna-se o eco da música de outra pessoa, intérprete de um papel que não foi escrito para ela.
A finalidade da vida é para cada um de nós o aperfeiçoamento, a realização plena da nossa personalidade. Hoje, cada qual tem medo de si próprio; esquece o maior dos deveres: o dever que tem consigo mesmo. Naturalmente, o homem é caridoso. Dá de comer ao faminto, veste o maltrapilho. Mas a sua alma é que sofre fome e anda nua.
A coragem abandonou a nossa raça. Talvez nunca a tenhamos tido. O temor da sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião... eis as duas coisas que nos governam. Contudo... , sou de parecer que se o homem vivesse plena e totalmente a sua vida, dessa forma a todo sentimento e expressão a todo devaneio... creio que o mundo receberia um novo impulso eufórico, um impulso de alegria que nos faria esquecer todos os males... mas o mais valoroso dos seres humanos tem medo de si mesmo.
Todo impulso que nos empenhamos em sufocar incuba no nosso espírito e nos envenena. Peque o corpo uma vez, e estará livre do pecado, porque a ação tem um dom purificador. Nada restará então, salvo a lembrança de um arrependimento. A única maneira de se livrar de uma tentação é ceder-lhe. Resistamo-lhe, e a nossa alma adoecerá de desejo do que proibimos a nós mesmos, do que as suas leis monstruosas tornaram monstruoso e ilegítimo. Tem-se dito que os grandes acontecimentos do mundo ocorrem no cérebro. Também é no cérebro, e só nele, que ocorrem os grandes pecados do mundo.
Palavras! Simples palavras! Como são terríveis as palavras! Claras, vívidas, cruéis! Não é possível escapar-se às palavras. E que magia sutil elas encerram! Dir-se-ia que elas podem dar forma plástica às coisas informes e ter música própria, tão suave como a da viola ou do alaúde. Simples palavras! Que é que pode ser tão real como as palavras?
Nada pode curar a alma, senão os sentidos; como não há, para curar os sentidos, nada como a alma. Este é um dos grandes segredos da vida: curar a alma por meio dos sentidos, e os sentidos, por meio da alma.
Sabe mais do que pensa que sabe, exatamente como sabe menos do que desejaria saber.
A beleza é uma forma de gênio... mais elevada até do que o gênio, pois dispensa explicação. Faz parte dos grandes fatos do universo, como a luz do sol, ou a primavera, ou o reflexo, nas águas escuras, dessa concha de prata a que chamamos lua. A beleza não sofre contestação. Tem o direito divino de soberania. O verdadeiro mistério do mundo é o visível e não o invisível.
Sempre! Palavra terrível! Quando a ouço, dá-me arrepios. As mulheres gostam tanto de usá-las! Estragam todo o romance, fazendo-o durar para sempre. Palavra sem sentido, aliás. A única diferença entre um capricho e uma paixão eterna é que o capricho dura um pouco mais.
O apaixonado começa iludindo-se a si próprio a acaba enganando os outros.
Um grande poeta, o verdadeiro grande poeta, é o menos poético dos indivíduos. Mas os poetas medíocres são encantadores. Quanto piores os versos, tanto mais pitoresco é o poeta. O simples fato de haver publicado um livro de sonetos de segunda ordem torna um homem absolutamente irresistível. Ele vive a poesia que não soube escrever. Os outros escrevem a poesia que não conseguem concretizar.
A vida humana: eis a única coisa que
vale a pena pesquisar. Não há valor que se lhe possa comparar de fato. Realmente, quando se observa a vida no seu crisol de dor e de prazeres, não é possível cobrir o rosto com uma máscara de vidro nem impedir que os vapores sulforosos nos ofusquem o cérebro e nos turvem a imaginação com fantasias monstruosas e sonhos disformes. Há venenos tão sutis que, para os conhecer, cumpre experimentá-los. Há males tão estranhos que, para lhes entender a natureza, é preciso contraí-los. Ainda assim, que grande recompensa recebe o observador! Em que maravilha se torna o mundo aos seus olhos! Notar a lógica singular e inflexível da paixão, a vida colorida e emotiva da inteligência... verificar onde se cruzam e onde se apartam, em que ponto estão em uníssono ou discordam...Corpo e alma, alma e corpo – que dupla misteriosa! – Há animalismo na alma; e o corpo tem os seus momentos de espiritualidade. Os sentidos podem adquirir requintes, como o espírito está sujeito a degradar-se. Quem saberá dizer onde cessa o impulso carnal ou onde começa o impulso físico?... Estará a alma instalada na casa do pecado, ou o corpo inserido realmente na alma? (Como pensava Giordano Bruno)
A separação entre o espírito e a matéria é um mistério; como é um mistério a união do espírito com a matéria.
No ponto em que estamos, nunca nos entendemos e raramente compreendemos os nossos semelhantes.
Eu agora nunca aprovo nem reprovo nada. Aprovar e reprovar são atitudes absurdas para com a vida. Não viemos ao mundo para dar largas aos nossos preconceitos morais. Jamais presto atenção ao que diz ao vulgo, nunca interfiro no que fazem as pessoas simpáticas. Quando uma personalidade me fascina, seja qual for o modo de expressão escolhido por essa personalidade, considero-o absolutamente satisfatório.
O motivo do nosso empenho em julgar bem o próximo é que temos medo de nós mesmos: a base do otimismo é puro receio. Consideramo-nos generosos, porque atribuímos aos nossos semelhantes as virtudes que nos podem ser úteis.
O prazer é a única coisa merecedora de que se lhe dedique uma teoria. O prazer é o teste da natureza, o seu sinal de aprovação.
Quando somos felizes, sempre somos bons; mas, por sermos bons, nem sempre seremos felizes.
Ah! Mas que entende por bem?!
... Ser bom é estar em harmonia consigo mesmo
A discordância está em sermos forçados a viver em harmonia com os outros. A nossa vida: eis o que importa. A vida dos nossos semelhantes... quem quiser dar-se ares de pedante ou de moralista poderá julgá-la pelos seus critérios morais; mas a vida alheia não é da nossa conta. Além disso, o individualismo tem realmente a finalidade mais alta. A moral moderna consiste em aceita-se o padrão da nossa época.
(Anseio) Um desejo desesperado de abrir um dia os olhos para um mundo renovado... um mundo de novas formas e cores, diferente, ou com outros segredos, um mundo em que o passado ocupasse pouco ou nenhum lugar, ou pelo menos sobrevivesse isento de deveres ou de saudades, já que a recordação da própria alegria tem as suas tristezas, e a lembrança do prazer pode eivar-se de dor.
‘Bastante’ é mau como uma refeição comum. ‘Mais do que suficiente’ é bom como um festim.
São os pés de barro que dão valor ao ouro da estátua.
Eu digo as verdades de amanhã. E eu prefiro os erros de hoje.
_Que me diz da arte?
_É uma doença.
_O amor?
_Uma ilusão.
_A religião?
_Um sucedâneo elegante da fé.
O ceticismo é o príncipe da crença.
“Nós, as mulheres, amamos com os ouvidos, assim como os homens amam com o olhar, se é que os homens podem amar”
Toda vez que amamos, é o único amor da nossa vida. A diferença de objeto não altera a unidade da paixão. Intensifica-a, simplesmente. Cada um de nós tem na existência, no mínimo uma grande aventura. O segredo da vida é reeditar essa aventura sempre que seja possível.
Nunca procurei a felicidade. Quem se importa com a felicidade? Sempre busquei o prazer.
_Você galopa à rédia solta.
_A velocidade é a vida.

Gato escaldado não tem medo de água quente.
Quem me dera poder amar!
Mas parece que perdi a faculdade de me apaixonar, que o desejo morreu em mim. Concentrei-me de mais no meu eu e a minha personalidade se tornou um peso. Só aspiro a escapar-me, a desaparecer, a esquecer.
Na incerteza é que está o encanto. O nevoeiro dá às coisas aspectos maravilhosos.
Mas pode-se errar o caminho.
Todos os caminhos vão dar ao mesmo ponto: a desilusão. Foi a minha estréia na vida.
A alma é uma realidade terrível. Pode ser comparada, vendida, barganhada, intoxicada ou aperfeiçoada. Há uma alma em cada um de nós. Eu sei.
As mulheres são o sexo decorativo. Nunca têm nada a dizer, mas falam que é um encanto. As mulheres representam o triunfo da matéria sobre o espírito.
Quem me dera poder amar!
Mas parece que perdi a faculdade de me apaixonar, que o desejo morreu em mim. Concentrei-me de mais no meu eu e a minha personalidade se tornou um peso. Só aspiro a escapar-me, a desaparecer, a esquecer.
Na incerteza é que está o encanto. O nevoeiro dá às coisas aspectos maravilhosos.
Mas pode-se errar o caminho.
Todos os caminhos vão dar ao mesmo ponto: a desilusão. Foi a minha estréia na vida.
A alma é uma realidade terrível. Pode ser comparada, vendida, barganhada, intoxicada ou aperfeiçoada. Há uma alma em cada um de nós. Eu sei.
As mulheres são o sexo decorativo. Nunca têm nada a dizer, mas falam que é um encanto. As mulheres representam o triunfo da matéria sobre o espírito.
